terça-feira, 17 de agosto de 2010

Preta Gil

A Bela, Polemica e Linda Preta Gil

















'Quero mais é ser careta mesmo', diz Preta Gil aos 36 anos
Em entrevista ao EGO, cantora falou sobre fase mais madura e desabafou: ‘Posso ser gordinha, mas sou feliz, amada e muito gostosa’



No domingo, 8/8/10, Preta Gil comemorou 36 anos de vida e para celebrar a data, ela conversou com o EGO sobre a sua atual fase, onde se considera uma mulher mais madura.



“Me sinto uma mulher realizada. Hoje, estou melhor aos 36 anos, do que aos 18. A maturidade traz felicidade, tranquilidade e no meu caso, muita energia. Estou realizada profissionalmente lançando um DVD, tenho um filho adolescente e um marido que me ama e sou amada por muitos fãs queridos”, disse Preta.



'Aos 36, sou uma mulher mais calma e menos ansiosa'


A mulher de 36

EGO: Quem é a Preta Gil aos 36 anos?

Preta: Sou uma mulher mais calma, menos ansiosa. Aliás, essa palavra ‘ansiosa’ me angustia muito. A gente fica querendo se colocar a frente do nosso tempo e isso não é uma coisa legal. Tudo o que previ para mim está acontecendo, principalmente a minha realização profissional. Não fui eleita a revelação do ano em nenhum prêmio e muito menos ganhei o título de musa da MPB. Fui revelada e exaltada pelo meu público, que é o maior termômetro da minha carreira. Hoje sou uma cantora de verdade, troco de roupa em cena, tenho ventilador e quem sabe não vem um elevador para os próximos shows, né?! (risos)



EGO: Você tem algum sonho para realizar, algo que possa se tornar possível?

PRETA:Nunca sonhei o impossível. Quando era pequena, queria namorar o Daniel Sam, do Karatê Kid. Quando descobri que ele era um ator e morava longe da minha casa, aquilo me decepcionou de uma maneira absurda. A partir de então passei a desejar somente coisas que eu possa ter.

O que Preta Gil diria para as mulheres do mundo?

PRETA: Que elas precisam se amar e se respeitar, buscando sempre o conhecimento interior. A realização profissional também é importante. Não podemos ter medo de arriscar, nem de sair do convencional. Se uma secretária gosta de dançar, que dance; se uma empregada doméstica gosta de pintar, que pinte. Liberdade não é libertinagem. Sou livre, tenho o meu coração aberto, mas sou careta para muitas coisas. Na minha vida e no meu corpo não existem espaços para drogas e nem bebidas. Nunca fumei maconha ou me droguei. Me dei uma segunda chance para ser feliz e todo mundo merece a sua segunda também. Agradeço a Deus que me deu um toque e trouxe para mim uma inquietação que me fez mudar. Nunca é tarde demais para ser feliz e eu sou a maior prova disso.

As polêmicas:

A foto com o peito de fora foi um tiro no pé. Tudo o que queria era que dessem importância para o meu disco '



EGO: Em 2003 você lançou um álbum cujo encarte trazia um nu quase frontal. Foi proposital?

PRETA: Era apenas um peito que aparecia, não fiz nu frontal. Foi um trabalho absolutamente artístico, incentivado pela minha educação e minhas referências. Vivemos em um mundo complicado onde os rótulos são generalizados. Na verdade, essas fotos foram um tiro no pé. Tudo o que queria era que dessem importância para o meu disco e não para as fotos e aconteceu exatamente o contrário. Estava vendendo música e não um ensaio comercial.

EGO: Você posaria nua para uma publicação masculina?

PRETA: No meu primeiro disco, tive vontade de usar o nu como uma forma de me expressar artisticamente. Fiz da maneira que achei ideal. Não era um nu gratuito. Essa vontade (de posar nua), eu já usei. A questão exibicionista também foi gasta. Hoje em dia só faria se fosse um convite especial, mas não acredito nisso.

EGO: Você se considera uma ativista no movimento contra o preconceito estético?

PRETA:Meu discurso e posicionamento estão ganhando força. Têm muitas mulheres colocando a boca no trombone, mostrando o caráter, a beleza e a dignidade de ser mulher, mesmo não sendo magra. “Mulher real” é uma denominação muito feliz para pessoas como eu. Gordinha, acima do peso, gorda, não acho que isso exista. Existem mulheres reais e possíveis. Sou uma pessoa que viajo muito pelo Brasil e estou sempre em contato com mulheres nas ruas das cidades que visito. São mulheres que se aproximam de mim, que tiveram filhos, são brasileiras e com DNA de brasileiras...coxa grossa e cintura fina.

EGO: Você sofreu preconceito quando foi rainha de bateria da Mangueira, em 2007?



Criaram um rótulo para mim, que acho muito chato e preconceituoso, mas ao mesmo tempo, não deixo a moral cair'



PRETA: Muitas pessoas vieram me perguntar como eu iria reinar na bateria sendo gordinha. Na época, estava com 10kg a menos do que tenho hoje, e me sentia perfeitamente adequada para o posto. Fiquei um tempo pensando e quando subi o morro uma vez, vi mulheres que eram exatamente como eu. Não via nenhuma magricela padrão de revista e sim, mulheres de verdade. Criaram um rótulo para mim, que acho muito chato e preconceituoso, mas ao mesmo tempo, não deixo a moral cair. Posso ser gordinha sim, mas sou feliz, sou amada, sou gostosa e vamos nessa!


EGO: Durante uma entrevista no início da carreira, você teria assumido a sua bissexualidade, o que gerou uma polêmica sobre a sua imagem. Como foi encarar esse período?

PRETA: Comecei a minha carreira tarde e tinha uma necessidade de que as pessoas me conhecessem. Fui ingênua em algumas entrevistas e abri demais a minha vida, de uma maneira muito escancarada mesmo. Não tinha malícia com a imprensa e as coisas que dizia começaram a ficar deturpadas. Foi uma época muito polêmica pois estava seminua na capa de um disco, havia declarado a minha bissexualidade e ainda tinha um pai ministro da Cultura. Isso foi um prato cheio para as manchetes de jornal. Quando vi tudo muito 'over' sobre mim, fiquei assustada. Se tivesse a cabeça de hoje, faria algumas coisas diferentes.



A infância

EGO: O que você traz de lembranças da sua infância?

PRETA: Nasci no Rio de Janeiro e com seis meses fui para Salvador. Lá, aprendi a andar, a falar e sempre morei numa casa com as portas abertas. Tinha muita música, alegria e aquilo para mim era normal. Só me dei conta de que a minha família era um pouco diferente mais tarde, quando as mães de algumas amigas não deixavam elas dormirem lá em casa. Tinha um certo preconceito principalmente pelo fato dos meus pais serem hippies.

EGO: Seu gosto pelas artes está no sangue, mas quando isso despertou em você?

PRETA: Ainda era pequena e já queria ser chacrete. Aos 4 anos, ganhei o meu primeiro maiô com estampa de oncinha. Quando cheguei aqui no Rio, fui ao programa do Chacrinha com o meu pai. Tinha mais ou menos uns 6 anos e me sentia uma criança na Disney. Sempre quis ser artista. Minha mãe diz que basta ter plateia para eu me sentir o centro das atenções.

A intimidade de Preta


No palco sou extravagante, engraçada e exibida, mas essa não é a Preta do dia-a-dia'
A Preta Gil dos palcos é a mesma que convive com a família




PRETA: No palco sou extravagante, engraçada e exibida, mas essa não é a Preta do dia-a-dia. Existe uma Preta personagem que é totalmente parte de mim. Ela é verdadeira e existe desde que nasci. O que nos difere é a carga de energia que ela, a dos palcos, tem. Não quero que essa Preta animadíssima desapareça nunca. A minha maior vontade sempre foi viver de música e o palco é o meu lugar. Quero ficar velha fazendo show, nem que seja um ‘Preta Acústico’, com banquinho e violão. Hoje em dia quase não tenho tempo para vida social, que é quase nula. Quando não estou trabalhando, dedico o meu tempo para a minha família e a minha casa.

EGO: Como surgiu o desejo de se casar depois dos 30?


PRETA: Nunca tinha pensado em me casar de verdade. Tive uma educação que me ensinou que essas coisas eram caretas. Quando fiz 15 anos, por exemplo, convidei meus amigos para um jantar japonês. Na época, era algo muito exótico. Com o tempo, a maturidade faz com que a gente se acalme e fique menos rebelde. Quando encontrei o Cacau (Carlos Henrique), ele já veio com essa criação mais tradicional. Passei a enxergar essa coisa de casamento de uma forma diferente. Registramos a união de uma forma bem discreta. Além da gente, só o advogado, o tabelião e as testemunhas ficaram sabendo. Agora temos vontade de casar no religioso. Sempre sonhei em casar na igreja, mas isso ficou abafado. Hoje em dia, quero mais é ser careta mesmo.

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